Muitas aventuras cheias de suor, lágrimas e gargalhadas foram aqui narradas pela GAFE. Mas não fiquem triste os fieis leitores pois poderão encontrar o novo blogue da GAFE em: http://obloggafe.blogspot.com/.
VIVA A GAFE
sentimentos, dores, sonhos, metas, horizontes, suores, lágrimas, sorrisos
É só para informar que a grande revelação da Marathon des Sables é um atleta com ESCOLA... foi meu colega no União de Tomar há quase 20 anos.
Foi um fim-de-semana completamente descontraído aonde estive plenamente relaxado. Como se costuma dizer nas “nuvens”. (ex. pela primeira vez nos altifalantes do aeroporto de Lisboa foi anunciado: “Voo para Londres última chamada para os passageiros CF...”). Claro que todos sabem que por natureza sou uma pessoa calma, mas por vezes essa calma é muito “fogo de vista”. Mas desta vez era genuína. Sentia que estava aonde queria estar, aonde lutei para estar, e com amigos. A partir daqui só podia relaxar e absorver ao máximo todas as sensações.
Talvez esteja a mentir um pouco...
O Sábado foi um pouco tenso para toda a GAFE. Estivemos em “pulgas” para saber novidades de Lisboa. Conforme as horas iam passando a ansiedade ia aumentando na esperança que um SMS que nos revelasse a performance do nosso representante em Lisboa.
Finalmente apareceu a boa noticia. Performance concluída com êxito... FINALMENTE podíamos relaxar...
PARABÉNS BENTO.
E já com outros planos. FANTÁSTICO.
Em termos nutricionais foram introduzidas algumas novidades pelo nosso amigo Pedro que mais tarde vos contarei em privado. Não quero queimar o homem aqui...
Relativamente à prova tenho dificuldades em descrevê-la.
Mas foi, sem qualquer hesitação, a melhor maratona que corri até hoje. Ainda bem que em 2005 quando tentei participar nesta prova o sorteio me foi desfavorável. Estes anos permitiram-me participar noutras provas internacionais e assim ter padrões de comparação mais justos.
Os organizadores têm muita experiência e têm tudo planeado ao detalhe não existindo grandes pressões nem confusões. A concentração dos atletas em Greenwich Park, antes da partida, estava envolvido num ambiente completam fantástico aonde os atletas puderam relaxar, apesar do frio que estava. Deambulei um pouco pela zona de partida azul e fiquei completamente extasiado com tanta “cor”. Só pela partida já valia a pena estar presente.
Ao aproximar-se a altura da partida a horda começou a equipar-se a rigor com o equipamento seleccionado desde há muito. A curiosidade aumentou... todos nós olhávamos... de vez enquanto alguns gracejos eram dados quando se viam alguns atletas equipados fora do habitual (de banana, de garrafa, et, etc,).
Mais em cima da hora começou o tempo dos pequenos aquecimentos acompanhados com libertar dos últimos metros cúbicos de fluidos.
A partida da prova é ordeira.
Comecei a correr rapidamente, demorei 1m 20s (linha azul porta 3) até à linha de partida. O ritmo inicial da corrida é um pouco lento mas nada de extraordinário.
Na partida a GAFE estava junta, mas mal foi dado o tiro separou-se. O Pedro Teixeira e o Luis foram no seu ritmo de Alfa Pendular eu e o Pedro Oliveira ficamos juntos com o Nuno um pouco atrás pois teve que fazer uma mudança de líquidos antes da partida.
Desde os primeiros metros há apoio da população, mas nada comprado com os km’s que se seguem: há locais aonde sentimos que vamos completamente levados ao colo pelo apoio da multidão. Principalmente quando chamam pelo nosso nome. Como tinha o nome na camisola “ GO-CARLOS” ecoou muitas vezes, mais que vezes que “GO-Buddha” para irritação do Pedro Oliveira, que durante a corrida já conjecturava algumas teorias da conspiração para explicar o facto.
O percurso é muito bom e motivador, mas relativamente a este ponto, já tive em outros locais tão bons ou melhores que estes.
A minha prova correu muito bem. Não tinha grandes expectativas iniciais. Ia fazer o melhor possível, mas senão conseguisse um bom tempo nada mudaria como ia ver esta prova. Em todas as provas em que entro o mais importante é participar mas nesta isso assumia ainda maior importância.
No pulso tinha uma fita com o ritmo para 3h25m, mas sabia que não tinha pernas para essa marca. Ela estava lá, porque queria ir à boleia do intercidades o máximo de tempo possível. E vamos confessar “podia ser que estivesse num dia fantástico” e que saísse um tempo canhão. Mas como todos nós sabemos nestas coisas de maratonas não há milagres. E nas ultimas semanas (desde a meia da ponte) pouco treinei pois uma pequena lesão, tipo Yo-Yo, nos adutores não me largava.
O intercidades tinha traçado um plano “infalível” para enfrentar esta Maratona. As primeiras 3 Milhas lentas daqui até às 20 ritmo de 4:45/Km e dai para a frente o que fosse possível.
Partimos lentinho sem pressas, estávamos um pouco preocupados com o Nuno mas sabíamos que ele devia estar a poucos metros. As primeiras duas milhas foram cumpridas a ritmo 5:17 um pouco acima do planeado (+35s). Tentamos ir aumentando o ritmo para irmos recuperando o tempo perdido. Atingimos o pico de velocidade por volta da milha 8 (4:46) a partir dia senti que não devia continuar a acelerar devia agora acalmar e baixar o ritmo com o objectivo de baixar das 3h30m.
Sem falarmos sobre o assunto daqui para a frente ligamos “Cruiser control” ligeiramente abaixo de 5:00/km. Por volta da meia-maratona foi uma confusão de sentimentos. Fiquei feliz pois finalmente o Nuno chegava ao pé de nós mas preocupado pois pensei que ele, que vinha a cumprindo mais ou menos os objectivos traçados (menos 35s que nós devido à partida mais lenta), ia meter a mudança e tentar puxar por nós. Mas nesse momento começou a chover e a temperatura baixou e tivemos todos que cerrar os dentes para conseguir manter o ritmo. Sempre gostei de correr à chuva mas começava a ficar com as mãos completamente geladas, com a camisola pesadíssima, com os olhos a arder, com medo de escorregar e cair. Durante esta fase não corríamos completamente em grupo estávamos perto um dos outros mas com muitas flutuações de ritmos.
Entre os 25 e 30 km perdemos novamente o Nuno e só reparamos depois de deixar de chover. Bem olhávamos para trás mas não o víamos. Aumentamos um pouco ritmo depois de deixar de chover.
A partir dos 30Km o Pedro Oliveira começou a fazer contas de cabeça e viu que apesar de estarmos novamente a recuperar estamos com 30s de atraso para o meu objectivo.
Se até aqui a companhia do Pedro tinha sido muito boa para mim, daqui para a frente assumiu um papel fundamental. Começou por me incentivar mas os parciais continuava a apresentar atraso em relação ao objectivo (43s, 49s, 50s...) até aos 69s aos 40km. Aqui já sabíamos que não ia fazer abaixo das 3h30m. Objectivos redefinidos ficar no minuto 30.
Se até aqui o Pedro só me incentiva a partir daqui mudou de estratégia: ameaças e chantagens foram constantes e de todo o tipo. Chegou ao ponto de pensar em empurrar-me, puxar-me ou se calhar levar-me memo às cavalitas.
Mas lá me consegui safar de uma boa sova pois na recta meta liguei o TURBO.
record pessoal (batido por 5s) e tempo de qualificação para Maratona de Boston (por 7s). Estes segundos foram conseguidos porque a capacidade de sacrifício e amizade do Pedro Oliveira consegui parar o relógio durante 7 segundos.
Estou em período de reflexão e de ressaca.
As Majors quero fazê-las. Quando? Não sei.
Eu gostava de ir a Boston com o máximo de elementos da GAFE. Mas não deve ser um sonho fácil.
Depois vemos...
A assembleia geral da GAFE tem que se reunir para tomar decisões.
A crónica já vai longa, as restantes histórias ficam para ser contadas e recordadas nas próximas jantaradas da GAFE. Mas antes de terminar quero agradecer agenciada de viagem irlandesa Sports Travel que tudo organizou de forma muito eficaz e profissional (até na entrada do hotel tinha funcionários que verificavam a chegada dos atletas).
Pode ser que nos leve num futuro a NY.
o melhor está para vir...
abraços!